Márcia Roberta de Queiroz

24 anos, deficiente visual
Auxiliar de Montagem
Pé com Pé

Enquanto algumas pessoas criam limites para realizar seus sonhos e objetivos, Márcia Roberta de Queiroz, 24 anos, vence obstáculos diários e não se deixa acomodar. Ela possui deficiência visual ( não possui 100% da visão) e, por própria iniciativa, começou a trabalhar aos 18 anos. “Não queria ficar só em casa, dependendo da minha mãe, sentia que precisava buscar um emprego. Pretendia fazer uma faculdade de pedagogia e me especializar para dar aulas para deficiente visual também, porém, o curso era em Marília  e ainda não era tão independente”, conta Márcia. Atualmente, ela trabalha como auxiliar de montagem na Pé com Pé, onde está há quatro anos, mas já trabalhou em outra fábrica e num telemarketing.

O que pode parecer uma atividade simples pra maior parte das pessoas, trata-se de motivo de superação diária para ela: andar sozinha nas rua. “Esse é um dos maiores desafios, porque dependemos dos outros para atravessar, é complicado, tem que prestar muita atenção. Mas fiquei bem animada para começar a fazer isso. Uma amiga me incentivou, disse que também iria sozinha para o trabalho então comecei. Existem muitas pessoas com a mesma deficiência que fazem isso, penso em não ficar dependendo a vida toda dos outros”, compartilha Márcia.

Nos empregos em que passou, já encontrou pessoas que diziam frases de desestímulo, como por exemplo, “O que você está fazendo aqui?” ou de simplesmente rir dela por causa de sua condição. Mas ela descreve que o lugar onde mais enfrentou preconceito foi na escola. “Desde quando entrei até terminar o colegial, sempre teve preconceito na escola. Hoje sou traumatizada por isso, em qualquer lugar que vou ou entro eu lembro. Quando comecei a trabalhar tinha medo, ficava pensando se haveria alguém para me ajudar, se as pessoas ficariam tirando o sarro de mim”, descreve.

A perseverança se mantém graças a acreditar que um dia irá fazer um curso, ter uma profissão e  ao fato da mãe ter conseguido comprar uma casa por meio de um financiamento e quer contribuir no pagamento.  “Tem que ter força de vontade e coragem. Para os deficientes que estão em casa ou que trabalham e pensam em desistir, que tenham um objetivo e consigam alcançar como eu estou conseguindo.”